PRECONCEITO - Depoimento - Adriana

Todos tem sua maneira de pensar, agir, mas fazer julgamento de valores isso eu não acho correto, mesmo que isso acabe parecendo ser da nossa própria natureza, ontem sofri muito com o preconceito, morar numa comunidade carregada pelo esteriótipo, de ter só vagabundo, marginal, aff acabou comigo, sempre soube desse preconceito, mas nunca tinha sofrido na pele, de fato, sei que ninguém tem nada a ver com isso, com a minha vida, mas ontem senti de fato  aquilo que atinge milhares de moradores de favelas, periferias como a minha, eu chorei de dor, chorei pois me senti humilhada, e ontem confirmei o quanto quero ser de onde sou, do Lagamar, me entristeço, pois parecia que eu estava dando vários passos pra trás, mas entendo muito bem o medo, de gente refém todos os dias, devido a falta de segurança e falta de punição, isso até pode parecer clichê, mas se muitos são marginais e bandidos é por falta de oportunidade, não nascemos em berço de ouro, não tivemos as melhores escolas, não tivemos a melhor educação, somos excluídos sim, estamos a margem, e se cruzarmos os braços seremos pra sempre nomeados como aquilo que não presta, pois foi isso que eu ouvi, "no Lagamar só tem gente que não presta", estou tendo uma disciplina na facul sobre Questão Social, que relata piamente sobre o que vou enfrentar, do meu trabalho mesmo, sobre a mendicância, periferias, homofobia, idosos, crianças marginalizadas, comunidades de risco, MST, enfim, e creio que essa cruel realidade nunca vai acabar, mas ontem enquanto revia a cena na minha mente, pensava no desafio que vou enfrentar pela minha comunidade, isso que eu vou fazer enfrentar... Pois se tudo isso acontece hoje, é pela falta de cuidado que tiveram para com o Lagamar, e faz parte do código de ética do serviço social,  Defesa intransigente dos direitos humanos, e por essa causa vou lutar todos os dias da minha vida...



Deixa, deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida, preciso demais desabafar...

Adriana Gerônimo